Medíocres e Patéticas Pessoas

Medíocres e Patéticas Pessoas

quinta-feira, novembro 22, 2018

O meu eu fora do meu país


Quando regresso a "casa" sou confrontada com a ideia do que realmente significa estar longe.
 Não que não pense nisso enquanto estou fora, mas a realidade bate-me na cara ao vivo e a cores quando ponho os meus pés na minha terra. 

Estar noutro país, não é o mesmo que mudar de cidade. As pessoas certamente também não se vêm com a mesma regularidade, porque cada um tem a sua vida. Mas não é a mesma coisa perder o contacto visual e acrescentando a isso, sair da sua cultura. Por muito diferentes que as cidades portuguesas sejam, a cultura é a mesma. A língua é a mesma. 

E é mais fácil pegar no carro umas horas para visitar um familiar, ir a um casamento, jantar com amigos, do que pegar no avião (quando se tem disponibilidade financeira e de tempo), ou num carro para fazer dias de viagem, para os mesmos efeitos, estando noutro país. Especialmente se esse país tem dos aeroportos mais caros do mundo e não houver assim tantas viagens low cost e a opção mais em conta é mesmo ir de carro (não, não fazemos rios de dinheiro... aqui também se contam os tostões, sem passar fome, mas não há nenhuma árvore das patacas no quintal)... 

E ver as pessoas uma vez por mês ou de dois em dois meses, não é o mesmo que ver os amigos de ano a ano e por umas horas, porque é tanta gente para visitar e queremos estar com todos... E em vez de se passar horas ou dias com os amigos, passamos uns momentos rápidos. Alguns parece até que nem chega a mais de um olá e até pro ano...

Quando regresso a "casa", vejo que já não tenho a "casa" que deixei. Que os amigos também cresceram e envelheceram. Que cada um criou a sua família e a sua vida e não esperam pelo meu regresso da mesma forma como eu anseio por isso. Que na correria da vida deles, eles também terão de fazer férias e a vida deles não pára, só porque eu regresso. Uns porque tiram férias e vão para outros sítios, outros porque tiram férias noutras alturas e estão a trabalhar...

Quando se sai do país o tempo não pára num sitio e evolui noutro. Assim, com o tempo até nos podemos sentir mais integrados no país de acolhimento, mas nunca seremos de lá. Aqui onde estou, basta o nome ser diferente, mesmo tendo nacionalidade de cá ou nascendo cá, será sempre estrangeiro... Portanto, por muito grata que esteja de ter trabalho aqui, que nunca consegui no meu país, não posso sentir-me totalmente agradecida, pois fazem questão de me mostrar a todo o tempo a sorte que tenho e quanto eu não sou de cá!

Ao mesmo tempo, quando abandonamos a nossa "casa", ela deixa de ser nossa... Passa a ser um local onde viveremos um mês ou dois por ano, por empréstimo. Mesmo que a casa fisicamente seja nossa. Ela passa o tempo todo vazio à nossa espera e finalmente quando ela se habitua a nós, temos de vir embora. E o mesmo com os nossos amigos e familiares. Quando finalmente eles têm tempo para nós. Quando finalmente se habituam a ter uns minutos para café connosco, temos de ir embora... Sair, mesmo que não tendo desistido do mau país, mas apenas não tive outra hipótese, fez com que também já não me possa sentir mesmo de Portugal. Porque a minha realidade, mesmo que sem grande vontade, não é lá. É aqui, onde vivo...

O estar longe implica tudo isso e mais. Quando se decide criar família fora do nosso país acrescem outras complicações.
A visão de regresso ao país de origem começa a tornar-se menos clara. O desejo de regressar pode vir a ser bloqueado pelo futuro dos nossos filhos. Para além disso, como pais temos de ver anualmente os nossos filhos sentirem-se felizes perto da família e esse brilho desaparecer com o regresso ao país de acolhimento, que no caso deles já vêm como casa. 

Todos os anos temos de impor aos nossos filhos férias no mesmo país. E, na maioria dos casos, uma viagem de horas de carro, onde acabamos nós pais por perder a paciência com tantos "Já chegámos?; Estamos em que país?; Quando chegamos? Quantas horas faltam? Preciso de ir a casa de banho; Estou farto de ir sentado"... e por aí fora... perdemos a paciência mas sabemos que não podemos gritar nem reclamar, pois eles não escolheram emigrar, porque não é por causa deles que vamos tanta hora de carro e porque eles é que no fundo têm sempre paciência para nos aturar com estas férias. 

Junto a tudo isto vem: ter um filho num país que não é o nosso e que eventualmente será o do nosso filho. Consequências? Muitas, começando logo com a gravidez. No segundo filho já não foi tão complicado, por eu já ter aprendido a língua. Mas o primeiro... 

Antes de tudo encontrar um médico que fale a nossa língua. Ou inglês pelo menos. Depois rezar para que ele seja bom. O que não aconteceu no meu caso. Procurar um segundo médico que era bom, mas não falava inglês. Ter de levar sempre o marido que já falava melhor e dizer sempre que sim a tudo com a cabeça, sem perceber nada!

Depois na maternidade. O parto... já é dificil em português com tanta dor. Imagine-se num sitio onde falam alemão e alguns lá se esforçam para o inglês (o segundo parto, já foi outra realidade, tendo aprendido mais a lingua tornou-se mais fácil, mas mesmo assim com as dores houve momentos em que falei estilo "eu ser Jane") A sorte é puder dizer asneiras em portugues que ninguem entende! :)  

Depois a parte seguinte. O regresso a casa. Onde estão os avós? Os tios? Os primos, os amigos... Nada... Só nós... Estamos a falar do primeiro filho. Bom, como qualquer mãe, tenta-se fazer o melhor e ir aprendendo com os filhos. Mas no nosso caso, depois quando precisamos de chorar no colo da mãe, ou repartir noites mal dormidas, não há disso... Aguentar a coisa e chorar no colo da almofada! E pedir conselhos via skype, sempre sorrindo e entre olheiras dizer que está tudo bem!

Aliás essa é a forma como os nossos filhos desde pequenos aprendem a conhecer os restantes membros da família Skype, Messenger, Whatsapp: Os parentes moram nos telemóveis, computadores e nos tablets. Não todos, pois as novas tecnologias não chegam a casa de todos, nem a todas a gerações! Por isso alguns só mesmo de ano a ano!.... E lá terão de se contentar com isso. E com as histórias que lhes contamos, porque os nossos filhos já vivem outras realidades, sem essas pessoas das histórias incluidas diariamente ou semanalmente nas suas vidas. 

E depois os filhos vão crescendo. A vida deles começa a ganhar raízes num país que não é o nosso. Os amigos deles estão todos aqui. Tal como os nossos estão na ponta da Europa. E estudam aqui. Falam melhor a língua que utilizam na escola, do que a de casa. E a realidade deles é onde cresceram, não onde é divertido passar férias. Por muito que gostem das férias, não é a casa deles. É a nossa e, com o tempo, acabamos por não nos sentir no direito de os obrigar a ir para um país que os acolherá de braços abertos, mas não é o deles. Não podemos obrigá-los a fazer o que nós fizemos e o que nos custou. Então eles crescem aqui, estudam aqui e provavelmente não vão partilhar do desejo de voltar a Portugal, porque eles não voltam, uma vez que não foi de lá que eles saíram! 
E se assim for, namoram e acabam eventualmente por casar aqui. E os pais, caso decidam mesmo isso, acabam por regressar, mas será que depois vale a pena? Quem vai estar à nossa espera? E compensa deixar cá quem nós criámos? Esta é depois a grande questão final da vida de um emigrante... regressar como sempre se desejou, ou continuar onde o coração não mora?Tudo porque nosso coração irá certamente continuar incompleto, agora não por estar no país que tanto se ama, mas pelos filhos que valem a nossa vida terem ficado no país deles que não é o nosso....

Portanto, um emigrante terá um vazio eterno... Por não sermos de nenhum lado e em lado algum nos sentirmos completos... Nem no futuro seremos de onde regressamos, nem de onde partimos... 



Por todo o lado já começo a ouvir falar em férias de Natal e planos para regressar à terrinha... Eu por cá ficarei... como praticamente todos os anos... este ano, não vai ser possível chegar espampanante com as minhas lantejoulas e o meu carro de luxo à terrinha! Não vou poder causar inveja, com os rios de dinheiro que ganho no estrangeiro a lavar casas de banho, que era algo que eu jamais faria no meu país. E não vou poder levar a minha mala louis viton à praça no Sábado, que comprei porque passo fome na Suíça.... #ironia
Portanto vou ter mesmo de ficar por aqui, porque o dinheiro não chega para tudo e quando se investe no futuro, há coisas que têm de perder prioridade. E certamente não passo fome por isso! 🤪😁 Além de que normalmente eu já não costumo ir nesta época para poder poupar os meus trocos e dias de férias, para aproveitar melhor no verão, senão o tempo ainda passa mais rápido (visto que eu só tenho por ano 4 semanas de férias, do meu trabalho que em nada tem a ver com limpezas). E ir de carro (que não é nada luxuoso, mas sim de família) por uma semana, seria tempo perdido.
Depois há sempre a questão dos cães, que não me permite ir a qualquer lado quando me apetece de avião.
E portanto vou ter mesmo de continuar por cá com a minha mochila sem marca a lutar contra o frio que se sente por cá! eheheheh
Sim, é verdade; nem todos os emigrantes são iguais!
Bons preparativos para as férias de quem vai e para as festas de quem fica, sejam vocês lantejouleiros ou não!! 🤣🤣🤣😂😍😍😘#bemhajaatodos #christmastime #nãosejammazinhospranóis 😁

domingo, julho 15, 2018

O que se sente nem sempre pode ser dito

Tenho pena que as coisas tenham chegado a este ponto. Mas realmente não posso, nem quero fazer nada para alterar o ódio que sentem de mim. Ninguém é obrigado a gostar de mim. 
 se vive uma vez! E é por isso mesmo que se tem de respeitar os outros e tratá-los bem. Por muito que alguma vez se diga ou faça, há que chamar a atenção, com Educação para que as coisas se resolvam, ou não repitam.
Não é só por se viver uma vez se tem de perdoar tudo, senão  não havia prisões! As coisas não são assim tão lineares. Coisas graves não se resolvem à conta de um cafézinho e uma ida ao parque! E há coisas que não se perdoam, nem se esquecem.
Sempre fui ensinada a resolver as coisas a falar. Pedimos desculpa quando assim tem de ser! Como eu já pedi tantas vezes ao meu marido e aos meus filhos se achei que errei, ou quando me alertam para algum erro. 
Realmente todos nós sabemos o que fazemos. É pena não se assumirem as responsabilidades sem se empurrar tudo aos outros. Se eu sou assim tão má que seja. Nunca me importou o que falaram de mim nem o que pensam de mim. Eu sei quem sou. Não é a opinião dos outros que altera isso! Magoam-me sim. Isso conseguem fazer. E isso faz com que se sintam muito especiais, porque continuam a falar coisas e a inventar mais... mas tudo bem. Tenho costas largas... já me acostumei...
O meu avô sempre disse “não peças das pessoas mais do que o que elas podem dar!” A culpa realmente é minha,por pensar que teriam para dar aquilo que era esperado.
Quem ama respeita. E houve quem nunca me respeitasse. 
Não admito que me ajudem para me andarem a atirar isso à cara e a faltarem-me ao respeito. Sou um ser humano e tenho direitos e um deles é ser feliz. Eu também ajudo da forma que posso e não ando depois a cobrar favores nem a exibir ajudas! 
É o papel nosso papel de ser humano ajudar os outros quando pode. Mas não é o papel de ser humano de usar essa ajuda para fazer o que bem lhe apetece e esperar que não haja consequências.  E nem isso dá o direito de maltratar ninguém! 
E se realmente alguém passar das marcas, mais uma vez me repito, terão de o dizer EDUCADAMENTE!!! É assim que se resolvem as coisas no mundo das pessoas normais e civilizadas. Mas já vi que há mundos completamente à parte. Onde Só se respeita  por interesse. 
Tenho muita coisa escrita que não posso dizer a quem me ofendeu. Mas não tenho mais nada a dizer... porque não vale a pena discutir com portas que nada mudam e nada assumem... 
assim não mando beijos nem desejo muito bem a quem me fez mal.. não sou hipocrita. Não desejo mal a ninguém. Mas pura e simplesmente desprezo quem nunca quis nem quer me ver feliz... 
sinto no fundo pena de quem precisa viver assim, sempre com intrigas e a criar mentiras para que sejam a sua realidade... mas nada posso fazer por eles... estou cansada de tanto diz que diz que e tanta mentira e tanto julgamento... 
só gostava que fossem felizes a ponto de me esquecerem para que eu vivesse finalmente em paz e não incomodada! 


Regresso a casa

E é oficial, abriu a época de férias. O regresso dos “avecs” como muitos dizem. 
O regresso a casa, que já não é a casa de ninguém. O regresso de quem não é de onde vive, nem já é de onde viveu. 
O regresso dos que “vêm para aqui armar-se com os seus carrões e as suas lantejoulas!” O regresso daqueles “que já nem sabem falar português e se armam nos supermercados a falar francês (ou a língua do país onde estão)!” 
Sim talvez muitos tenham necessidade de mostrar isso... mas porque já não se sentem de lado nenhum e como não se sabem exprimir de outra forma, e deixaram o país provavelmente sem nada, querem chegar a mostrar que vale a pena. Querem enganar-se a si próprios e acreditar que valeu a pena. Valeu a pena deixar a família. Valeu a pena deixar os amigos. Valeu a pena deixar a vida dar uma volta tão grande para serem ninguém num país que nunca lhes vais agradecer nada. Mas que lhes paga o sustento e coloca comida na mesa. 

Chegam alguns Espampanantes nos seus BM’s e Mercedes, nos seus carros desportivos que fazem barulho e acordam toda a gente na sua passagem. Mas estão no seu direito, mesmo que incomode muita gente. Porque só o fazem uma vez por ano e querem mostrar aos outros, mesmo que sendo mentira, que são felizes onde se sentem sós, frustrados e cansados. 
E não, nem todos passamos fome para comprar casas e carros. Há quem compre o que pode, quando pode e porque pode e quer. Não, nem todos deixamos de saber falar português, mas com o passar dos anos, torna-se difícil não trocar algumas palavras e tentar recordar as que não usamos mais. 
Mas todos, com ou sem lantejoulas, esperamos o ano inteiro para podermos regressar a casa. Aquele sítio, que apesar de já não sermos de lá, porque a vida continuou sem nós, mesmo assim é o único que conhecemos como a palma da nossa mão. Com o fervor da nossa alma e a paixão do nosso coração. Aquele sítio que defendemos com dentes e garras se for caso disso. A nossa terrinha e o nosso país! Que ensinamos os nossos filhos a amar como se tivessem nascido lá! Mesmo os que não falam bem a língua, têm Portugal nas veias. E não há ninguém que vibre mais com o país do que quem teve de sair e desistir de lutar por ele, mas que levam o nome de Portugal a todos os cantos do mundo, por onde vão ficando. 
Regressamos para ver a família e amigos, que muitas vezes nem um telefonema faz, nem uma mensagem envia, porque quem está fora é que sente mais a falta da vida que deixou... 
A todos nós, que contamos os dias todos para chegar esta altura: boa viagem. Seja por terra, mar ou ar, bom regresso às raízes! Sejamos felizes nestes dias e aproveitemos o que deixámos e pelo que choramos o ano todo! Vai passar rápido, mas teremos de fazer valer a pena! 
Até já Portugal! 💖

terça-feira, maio 22, 2018

Sem saber quem somos

Vivo numa das cidade europeias mais importantes. Onde a mistura de culturas e as diferentes maneiras de encarar o mundo se nota assim que se coloca o pé fora da porta de casa. 

Há mulheres que se vestem como homens, homens que se vestem como mulheres. Uns de forma mais subtil que outros.












Há regras de comportamento que se por uns são quebradas, outros há que vivam para as denunciar. 
Idosos que tomam conta dos netos. Idosos que ninguem toma conta deles. 
Pessoas que vageiam nas ruas a falar com elas próprias, por não terem mais ninguém. Famílias gigantes que cruzam as ruas de Zurique sempre juntos, nem que seja para ir só ao supermercado comprar água. 
Jovens que lêm livros gigantes durante o seu percurso diário para a escola/trabalho, enquanto alguns mais velhos fazem ligações via skype em modo super loud na outra ponta da carruagem. 
Pessoas que conversam umas com as outras, sempre com os auriculares no ouvido. Pessoas que conversam umas com as outras por mensagens sem nunca terem tempo de se ver e outras que só conseguem conversar com o pensamento. 
Jovens sentados nos bancos a comer fast food, com gente mais velha ao lado fazer jogging. 
Homens, tatuados e cheios de piercings com cerveja na mão (e cheiro intenso a alcool de há decadas entranhado na roupa e na pele) vagueiam pelos cantos da cidade com os cães soltos super fiéis aos seus mestres, enquanto que a senhora da mala Michael Kors anda com uma sacola extra super fashion com um pincher la dentro a rosnar a todos que passam.

Indianos, Africanos, Europeus de leste a oeste, de norte a sul, Asiáticos, Norte e Sul Americanos, Latinos, o que for, há por aqui aos molhes. Cada um com a sua bagagem de cultura e maneira de visualizar os outros e o que os rodeia. 
Logo não é possível outra coisa senão uma grande confusão... Mesmo com tanta regra presente no dia-a-dia da vida citadina de Zurique. 
São regras por todo o lado desta cidade. Até na forma como se utiliza o WC. Penso que muitas pessoas que crescem com estes cutitis da vida, não sabem viver sem eles. Se devem sentir perdidos sem elas e, por isso, há aqui tanta gente que nem sabe bem quem é e com uma falha muito grande na cuca!  

Ora vejamos:
As raparigas escolheram uma moda e seguem-na desenfreadamente a ponto de parecerem copias 3D umas das outras. Calças puxadas até ao umbigo (que já na época que isso saiu ficava mal a muita gente), camisola curta por cima. Cabelos longos presos num rabo de cavalo todo pomposo, sapatilhas e aí vão elas. Todas maquilhadas com ar de quarentonas e nem mais de 13 anos devem ter. Esta será a versão porquinha das garotas.  Mas a versão geek desta moda, também é muito visivel. Depois chegam a uma idade mais avançada e já não sabem o que vestir. Andam para aí de sandálias e meias brancas por dentro... Ou de fato treino todas porcas e gordas... 




Mas os rapazes não são muito melhores. Só há duas variantes. Os mitras, com as camisolas de gorro, calças rasgadas, sapatilhas e a andar aos pulinhos (nunca entendi muito bem porquê), cabelos rapados de lado e mais compridos em cima, muita das vezes lambidos para trás, ou mais compridinhos para sacudir a trumfa quando se quer oferecer uma luta simpática a algum estranho que passe. Ah e não esqueçamos as tatuagens e piercings em tudo que é parte de corpo e, por veze,s até um cão grande para intimidar quem se meta com eles! 
E depois os betinhos, com calças rasgadas na mesma, acima do tornozelo, sapatilhas todas nice, e camisolas fashion. As sobrancelhas mais arranjadas do que muita mulher que para aí anda, todos perfumados e aí vai disto! Os penteados também há os lambidos ou então os mais compridos que dá para sacudir a parte da frente quando as babes passam! Depois em velhos, ficam a cheirar mal e com as tatuagens todas descaidas, mas ao menos fizeram o gosto ao dedo em novos!




Ora com esta pressão de desde criança serem independentes e aceites num grupo (aqui os miudos desde a idade pré escolar são por muitos pais e professores obrigados a fazer o caminho de casa-escola sózinhos e os que não fazem, como o meu porque eu não deixo, são vistos como crianças inferiores e com problemas), há tendência para imitar o comportamento, não dos pais nem dos professores, mas daqueles que querem ser seus amigos e acredito, que por isso a infância e adolescência sejam fases cada vez mais difíceis, tanto para os pais, como para os próprios adolescentes. 

Por isso temos tanta juventude a pensar que é alguém, a faltar ao respeito, a verem nas agressões as soluções para todos os seus problemas (além de que filmando isso e partilhando na net, dá muitos likes e seguidores), a se acharem importantes como as estrelas da MTV que tanto idolatram, a serem esquecidos pelos pais, porque dá jeito eles andarem já sozinhos e independentes, quando não se quer cuidar deles. 

A mim ainda me faz confusão, quando ouço as mães dos colegas do meu filho, que estão na primeira classe dizerem: "O meu filho chega a casa, almoça e sai e eu nem sei onde ele anda! E só volta a entrar quando tem fome!"... E já têm esta conversa desde a pré-escola (que pode começar aos 4 anos de idade)
E depois de tudo o que vejo na televisão (raptos, homicidios, desaparecimentos de um lado e psiquiatras do outro a dizer para não fazermos nada aos nossos filhos que els sabem sempre o que querem) fico confusa, sem saber se sou eu que sou muito conservadora e mente fechada, ou elas que são demasiado liberais...


Mas bem, não me quero meter agora por questões mais complexas... Cada um dá a educação que acha correcta. E o resultado logo se verá. 

Como dizia, antes de começar com as minhas divagações, anda tudo a tentar ser uma coisa que não é. Ou em alguns casos a serem aquilo que acham que são, pois na realidade não se encontram a si próprios, perdidos a viver tanta regra e tanto parecer. 
Com os meios de comunicação, aumentou a circulação da imagem da pessoa. A toda a hora somos bombardeados com as novas tendências dos ditos VIP, que nos transporta na ilusão de querermos o que eles têm e, como não conseguimos, ao menos tentamos parecer como eles. Eles próprios que tentam ter sempre uma imagem melhor do que os seus rivais, criando todo um ridiculo em muitos casos. 
E depois essa ilusão nos irá acompanhar a vida toda até sermos os tais idosos que já ninguem vai querer saber, porque é assim que nos estamos a educar uns aos outros (falo na generalidade, claro que graças a Deus à excepções). A não gostarmos de ninguém, só a fingir. A não nos preocuparmos com mais ninguém para além do nosso umbigo. Nem os  filhos são importantes, quando passam a ser vistos como um bloqueio para a vida dos pais. Sejam eles crianças ou adultos. Por isso se enchem as crianças com prendas, dinheiro, ou doces... (Sim, porque o açúcar é um veneno viciante e assim se tenta moldar a criança a estar sempre a nossa espera, por causa dos doces.) E os filhos adultos com falsas promessas e falsos comportamentos quando, seja porque motivo for, os pais necessitam dos filhos de novo. 


Anyway... tudo à nossa volta seria um bom aliciante para termos uma melhor identidade. Somos mais informados, temos cada vez mais uma maior igualdade de acesso (nem sempre, eu sei, mas muito melhor que há 20 anos atrás), temos mais aparelhos que nos permitem facilitar a vida. Então o que se passa? Porque estamos tão perdidos? 

Por isso mesmo. Pela facilidade da vida e pela dificuldade em vivê-la. Com tanta coisa que temos de ter e os preços que essas coisas têm, temos de trabalhar mais. Nos tempos livres temos de ter tempo para as coisas que temos de ter, pois ao fim ao cabo se gastou tanto dinheiro nisso. Acabamos por nos esquecer do mais importante:
Aquilo que somos. Aquilo que faz de nós o que nós somos -> Nós próprios e os que nos rodeiam, que nos amam e respeitam. 

E assim andamos perdidos. Não só nesta cidade. Mas no Mundo... E na vida... A vida que dizem ser nossa, mas que todos esses aparelhos, os governos, os patrões vivem por nós. A vida que já não sabemos se é nossa. A vida de quem já sequer sabe quem é...













terça-feira, fevereiro 06, 2018

Sê tudo para o mundo não para ti

Não mexas nisso. Não vás por aí. / Vai para a escola. Faz os trabalhos de casa. Arruma o quarto. Assim começa. Depois se nos habituamos a isso e deixamos os outros habituados nunca acaba. Só aumenta....


Tira boas notas. Faz bons amigos. Não mintas. Sê boa pessoa. Ajuda os outros mesmo que não te ajudem. Não discutas com a tua irmã. Não fales assim. Vai visitar a tua avó e não sejas antipatica. 

Tira um curso. Não chumbes. Não vás para veterinária porque és melhor em línguas. Vai para jornalismo que és comunicativa. /


Prepara-te para te despedires da tua avó (materna). Não a vejas assim. sê forte. Tem calma. Ela vai ver-te lá de cima... 

prepara-te agora vão-te buscar. O teu pai morreu. Liga a tua avó para lhe contares -ela já sabia. Arruma as flores debaixo do caixao - a sério?!. Não chores. Sê forte. Tem calma. Ele vê-te lá de cima. Sê o que ele queria que fosses. Ponham as minhas flores com ele - ninguém me ouve... a mim nunca me ouvem...

não chores... vai a um psiquiatra. Trata-te. Não fales disso. Sê forte. 

Prepara-te o teu avô matou-se. Não ouças música parece mal. Sê forte ele fez o que queria. Não chores. Tem calma. 

A vida continua. Muda de rumo. Isso não é desculpa. Toda a gente sofre. Sê forte. /


Muda de país. Casa-te. Já casaste? Tem um filho! Já tiveste um filho? Onde está a mana? -Já?! Ainda agora o tive... /


Obedece-me a mim não a tua mãe. O meu segundo filho. Pois... tem de passar por cima de mim mesmo! Discutam comigo vá! Já está? Só se consegue isso? Ok! Então agora sigam as vossas vidas e não me aborreçam mais. -não consegues.... /


Ah tiveste um rapaz? Quando vem a irmã pros meninos? - Quê?! Tenham-na vocês!!! 

Sê dona de casa. Sê profissional. Não fiques em casa só com os miúdos isso já não se faz. Trabalha. - só vou porque tenho que pagar as contas. 

Paga as contas. Sê adulta. Sê responsável. O bebe não dorme? Tem calma. Sê forte. Sê mãe. Deixa-o chorar. Não o adormeças ao colo. Deixa-o gritar. - ninguém mais tem nada para me dizer a sério?! 


A vida é assim: tem o dom de nos fazer pequenininhos para o mundo. E com o tempo aquela miúda com o coração de ouro que sonhava que se fartava, que se sentia a mais especial do planeta terra, queimou-se muito e agora o coração não sonha para ela. Uma parte do coração está à sombra e a outra parte brilha para as suas duas responsabilidades mais importantes. Um dia há-de voltar a brilhar para ela própria. Só espero que não seja demasiado tarde.