Medíocres e Patéticas Pessoas

Medíocres e Patéticas Pessoas

terça-feira, outubro 14, 2014

Carta a meu pai


Dear Dad,

ultimamente tenho pensado muito em ti. Pena que não consigas ouvir-me, nem ler o que escrevo. Pois tenho mais maturidade e já vivi algumas coisas que neste momento me faria dizer coisas mais inteligentes do que alguma vez te disse.

Sempre pensei que teria tempo para isso. Bem, para dizer a verdade talvez nem nunca pensei muito nisso. É um cliché, mas um só se apercebe do que tem, quando já não o tem. E assim foi comigo.

Não posso dizer que fiquei desamparada, mas quase. Foi como se o chão ruisse e eu já não soubesse caminhar nem por onde o fazer. Por sorte não viste no que eu fiz a mim. Mas por azar também não viste quem me salvou e quem me salva todos os dias.
Lamentavelmente não estiveste em todos os momentos bons que consegui ter depois da tua partida. E não pude contar contigo nos piores que tive ainda depois de te ter perdido.

Não me foste levar nem buscar ao aeroporto quando fui passar um ano fora. Não me ligaste durante esse ano que parecia não terminar. Não me ajudaste com a bagagem pesada quando tive de partir para onde estou. Não vieste conhecer as minhas mil casas que tive na Suíça, nem conheces a que tenho agora. Não fizeste festas à minha pastora alemã, que sei que irias adorar é mesmo linda. Nem tão pouco viste o Bob a correr feito maluco, provocando a Black.

Não me ajudaste quando me sentia mal por não saber falar a língua do país onde estou, quando me tratavam mal por ser estrangeira e imigrante, quando não via esperança em arranjar um bom trabalho.
Falhaste quando precisei de ti no inicio da minha vida de adulta.

Mas também não me entregaste ao homem que eu amo tanto, quem me salvou. Não viste as tuas filhas casarem. Não bebeste com os teus amigos, nesses dias, as garrafas de whisky que certamente irias abrir para festejar.

Não me orientaste quando tentei regressar a Portugal. Não me deste conselhos desde que fui para o Brasil. Não estiveste lá para impedir ou tentar impedir aquilo que o avô fez. 

Não conheceste nem conheces aquilo que melhor fiz na vida, o meu filho. Sempre quiseste ter um rapaz mas não viveste o suficiente para o ver. Ele iria adorar conhecer-te. Sei que irias brincar tanto com ele, que ele não falaria noutra pessoa. Ele tem algumas coisas parecidas contigo. Quando se ri à maroto, só lhe falta o dente preto (que um estupido dentista te deixou como souvenir), para ser uma cópia tua.

Não estás cá para ver o que eu consegui fazer até agora da minha vida. O que eu tive e tenho de lutar todos os dias ao viver longe de tudo e todos, num país quase sem sol e com muita neve, que eu tanto odeio.
Não me apoiaste nem me defendeste de quem me maltratou durante estes anos. Especialmente de quem  tentou sem êxito separar a minha família e que constantemente me ofende nas minhas costas e na minha cara.

Porque é que me deixaste tão cedo? Era suposto teres vivido tudo isto comigo. Não tinhas nada que fumar. Bem sei que poderia ter acontecido na mesma. Mas ao menos não terias contribuido para a tua própria morte. Eu perdi o único que me amou desde que comecei a respirar por aquilo que realmente sou. Nunca me julgaste, mesmo quando soubeste que tinha começado a fumar e ficaste desiludido.
Sempre mostraste o orgulho que tinhas de mim. Não tinhas medo de me mostrar que me amavas e eu de ti sempre o soube. Nunca hesitaste em me abraçar e me beijar nem de me dar carinho.

Quando penso bem sobre as coisas, fico chateada contigo. Partiste demasiado cedo e eu não tive como dizer-te adeus. Sempre acreditei que ias lutar e sobreviver. Mas tu deixaste-te ir... Eu saí do hospital e só te disse até já... porque tu não esperaste por mim? Porque não me avisaste que ias embora? Aliás... tu desapareceste antes disso... Não tiveste cara para nos enfrentar...Ou o que raio se passou?

Foi tudo tão rápido... ainda hoje não consigo entender como foste capaz de morrer. Eu senti-me tão sózinha... Por vezes sonho contigo ainda vivo, nos dias de hoje. É tão estranho quando acordo e me cai a realidade nos ombros.

Sei que não tens culpa a 100%. Nunca pensaste muito nisso, que irrias morrer doente. Muito menos tão cedo. O teu seguro de vida foi feito a pensar em acidentes e não por doença. Ao menos não soubeste o que te aconteceu. Ou pelo menos não na totalidade.
A tua última semana foi a pior da minha vida. Tu estavas lá, mas não estavas. Não dizias nada com grande sentido. Ficaste contente por ver a tua mãe, o que logo aí mostrou a tua demência. Ela que nem ao teu funeral foi... Coisa reles...
Na véspera de morreres vi nos teus olhos que estavas lá. Estavas triste. Apercebeste-te de que ias morrer. Foi duro ver-te assim. Tentei sempre fazer-te sorrir. Mas não era fácil ver-te naquele estado. Enfim...
Irias ficar era danado de saber que o teu irmão apareceu no teu funeral para nos provocar; só de passagem de carro, e teve a lata de sorrir para mim. Otário. E a tua maninha também fez das dela... Nunca percebi nem hei-de perceber que prazer macabro lhe deu obrigar-me a informar a tua mãezinha da tua morte, quando ela já sabia. Ela é que me devia ter ligado a dar os sentimentos e a perguntar se eu precisava de algo. Não era eu com 19 anos que tinha que ligar a quem nunca me ligou...

Mas na altura também não vi bem o que se passava.. estava amorfa... Até as flores por debaixo de caixão me puseram a arrumar e eu não tive reação para além de cumprir ordens. O que eu gritei. Tu não ouviste. Eu pedi que acordasses... Tu não te mexeste... Foste... sem luta... sem saberes que tinhas ido

Foi muita gente ao teu funeral. Claro que depois deixámos de ter as visitas dos teus amigos. Já não havia mais whisky para beber. Nem jantaradas, então deixaram de aparecer. Tios, padrinhos, colegas e amigos... tudo desandou. A mãe tem novos amigos. Não conheço quase ninguem e nem quero... Não tenho paciência. Depois no final deixam de aparecer e eu não estou para me importar com isso.

Os meus amigos também mudaram. Uns matêm-se mas pouco sei deles. Outros foram e deram lugar a melhores. É assim a vida. Mas tu não sabes. Foste-te embora. As pessoas que pouco valor davam à vida agora não dão nenhum... Cada vez está tudo mais complicado e as pessoas perdem o seu carácter por pouco. Por isso foste talvez numa boa altura. Ainda não estava tão mau. Só estava a começar...

Dez anos, 5 meses e um dia... Pouco tempo e tanto tempo.

Não viste que emagreci. Já não sou redondinha como antes o meu cabelo não transpira a quantidade estupida de volume que acumulava em tempos. Entretanto já voltei a engordar... bem virei obesa com a gravidez. Decidi que comia mesmo por dois, mas só porcaria e fiquei com 84 Kg, mas já voltei aos 60. Não são os 57 que tinha, nem os 50 com que me casei, mas já não está mau!

Irias te rir ao saber que tinha ido à casa de banho de um posto da GNR antes de me casar. Bebi muito champanhe e foi a única possibilidade que tive ao deambular de carro à espera do noivo, que ainda hoje se atrasa mais que eu! :)

Mas não ias gostar de saber que na véspera do casamento fiquei com o carro preso na casa nova da mãe no portão de entrada. Nem andava para a frente nem para trás. Foi um problema, mas resolveu-se na manhã seguinte...

Sim, a tua casa já não é nossa... A mãe não conseguiu viver lá... Não foi de meu agrado, mas não cabia a mim decidir. A casa era vossa e tu já não podias opinar, se ela não a queria, quem era eu...

Mas bom... Sei que te ririas das piadas do Milton. Mas o Diogo tem ainda mais piada. É ainda genuíno e as coisas saem sem ele saber. Para nós é que tem piada. Ele já se vai apercebendo e às vezes força a coisa. Típico.
Não o ouviste a falar tão mal que só eu o entendia e, por vezes, com dificuldade. Como ele dizia "Ti lalá", passando para o "leitinho com chocoate" e agora "leite com chocolate, por favor". Como ele mal se sentava e de repente já corria por todo o lado. Como ele ri e como ele chora. Como ele foi um homem crescido e deixou as fraldas rápido. Como ele diz sem problemas que nos ama, como o avô fazia. Como a mim me mostraram e eu lhe mostro.

Tanta coisa que perdes... Mas o pior é que tu não te dás conta. Nós é que sentimos isto. Eu é que me apercebo disto tudo. E por muito que eu fale de ti ao Milton e ao Diogo eles nunca vão entender, porque não te conheceram e tu nunca os conhecerás... Talvez quando o mundo for justo. Se tivermos essa sorte.

No final de contas enquanto vivermos esta vida ingrata, nós é que perdemos. Perdemos quem tanta falta faz e nos cruzamos com gente que teria ido bem no teu lugar. Mas nós não escolhemos. Nem Deus... Assim é e assim será... E eu cá tenho de me aguentar sem ti.
Sem te ter abraçado em tantos momentos que procurei e procurarei esse abraço. Sentindo por mim e por ti a tua ausência. Chorando as minhas e as tuas lágrimas.

Como eu gostaria de poder de acabar esta carta com:

"Falamos mais logo ao telefone ou por skype. Beijinhos"

Mas terei de terminar assim:

Talvez tenha a sorte de te reencontrar num mundo distante, numa outra oportunidade. Até lá, dorme bem e sonha connosco para que não te esqueças de nós.

A tua,
Calica

sexta-feira, março 28, 2014

Não guardar mágoa? Tretas!


É muito fácil para alguém dizer para afastar as mágoas, pois elas só prejudicam. Até certo ponto, é verdade, mas se te fazem tanto mal, porque uma pessoa tem de se esquecer do que foi feito e perdoar?
Depois ainda surge a teoria que perdoar não significa que a pessoa o mereça , mas que a pessoa que perdoa é que merece paz. Isso são tretas. Perdoar quem não pede perdão, ou quem o pede sem sentido, quem não merece, só para ter paz? Ter determinados comportamentos com alguém que te maltratou, só porque dessa forma tu é que ganhas pois mostras uma atitude mais madura... ?

Tretas!!! Tudo tretas. Se perdoas quem não tem emenda e quem não faz por ser perdoado, a pessoa sai a ganhar. Tens uma atitude mais madura? E então? A outra pessoa fica de consciência tranquila, pode voltar a errar, porque será sempre perdoada, será sempre tudo esquecido. Porque guardar rancor faz mal... Faz mal sim, mas a quem te criou esse rancor, porque tendo isso, nunca se esquecerá o que foi feito. É uma espécie de carimbo que marca essa pessoa.

Isto não significa que eu vou odiar a pessoa para sempre e não consigo viver a minha vida sem me vingar. A questão está em afastar aquilo que nos corrompe e a quem amamos. Uma maçã boa nunca consegue curar a podridão das outras, mas as maçãs podres contagiam tudo à volta e estragam uma cesta de fruta perfeita.
Então se deitamos no lixo maçãs, que nunca nos ofenderam, porque não deitar fora quem nos maltrata?

Não é por perdoar alguém que me vou esquecer do que me fizeram. E muito menos se quem me denegriu o continua a fazer, sem nenhuma espécie de remorsos ou sentimento de culpa. Se tudo o que foi feito contra mim, surge nas suas cabeças como causado por mim ou em seguimento de ideias imbecis. "Só não te cumprimentei, porque ela também não cumprimentou..."; "Tratei-te mal porque ela tratou-me pior"; "Chamou-te burro, mas há nomes piores..."

E depois de explicares seja a quem for o que te fizeram (isso deixo talvez um dia mais tarde para um livro , que certamente daria um bom filme de terror), existe sempre aquela boa alminha que diz: "Deus também perdoa, temos de aprender a ser mais como Ele.". Primeiro: Eu não sou Deus! E segundo, Deus perdoa quem se arrepende profundamente do que fez e altera os seus comportamentos. Não quem Lhe diz "Vamos pôr uma pedra no assunto" e torna a repetir os mesmos erros vezes e vezes sem conta.

Como disse não sou Deus, seria um orgulho chegar perto dessa grandeza de espirito e misericórdia, dessa paciência. Mas Judas por exemplo não terá perdão. Ele traiu e nunca se arrependeu, matou-se com medo não por arrependimento. Já sei que a traição de que fui alvo, não foi tão grande como a de Jesus, mas eu também não sou tão grandiosa. E numa escala de comparação, eu fui traída, ofendida e de certa maneira prega na cruz sendo difamada, tomada como filha do Diabo e mentirosa. Essas pessoas que não se arrependeram de maltratar Jesus, Deus não os perdoará. Porque raio terei eu, que não sou tão mesiricordiosa?!

É certo que não vou calcular todos os meus passos para prejudicar outras partes envolvidas. Eu não procuro guerra. Procuro paz e essa só a terei quando alguém se aperceber do mal que essas maçãs podres poderão trazer à nossa cesta de frutas e as deitar fora.

Sim, bem sei que pode parecer frio. Mas é o que tem de ser feito. É o acertado. Primeiro está a familia (no verdadeiro sentido da palavra: quem convive connosco diariamente, nos diz que nos ama e mostra, quem de facto se preocupa e respeita, mesmo não partilhando a mesma composição de ADN), depois o resto, sejam parentes, sejam conhecidos. Para mim não é relevante. Talvez como sempre tive os meus pais presentes, que nunca me abandonaram nem rejeitaram. Por ter visto o que a indiferença de uma mãe fez ao meu pai (que nem no funerla dele se dignou a aparecer), talvez por isso ou por ter carácter, sei o que esperar do papel de uma mãe e de um pai.

Com isto, não coloco a minha mãe num pedestal. Teve falhas como todos, como eu tive com ela. Mas nunca me chamou nomes, nunca ofendeu a minha família, nunca pos terceiros à minha frente, preocupa-se comigo e à maneira dela mostra que me ama e me respeita. Altera alguns comportamentos, mesmo que cabeça dura, quando se apercebe do rumo que as suas manias estão a levar.

Mas não concebo na minha cabeça de mãe (que ainda o sou só há três anos) deixar um filho com uma empregada e levar os restantes filhos para África, ou ir por ciuúmes, para outro país com a nova família e deixar para traz o empecilho, só porque um homem não vê essa criança como dele e não o quer respeitar. Nem que me apontassem uma arma à cabeça.

O mais complicado nem são essas escolhas. São as escolhas que se fazem a partir daí. O que se escolhe dizer ou fazer. Pensando que se pode dizer tudo só porque nalguma altura da vida se sofreu. Porque como houve abandono, quem foi abandonado terá sempre uma tendência inexplicável de ter o que nunca lhe foi dado e perdoar e esquecer tudo. Quem abandonou também sofreu muito, dizem.
Até pode ser aceite como desculpa por algum tempo. Mas não indeterminadamente. Eu não sou assim tão velha e já sofri muito, mas não ando para aí a ofender as pessoas só porque o meu pai morreu há dez anos. Não uso isso como desculpa. Uma altura da vida isso deixou-me de rastos. Pensei em suicidio, tentei de facto e, como faltou a coragem para chegar ao fim, decidi dar cabo da minha vida com tabaco, alcool, péssimas escolhas e piores companhias. Mas só me prejudicava a mim. Não ofendia ninguém para além de mim e a memória do meu pai. Não me permitia ser feliz, mas não impunha essa infelicidade a quem estava ao meu lado. Apenas não comunicava.

Há quotidianos que envolvem fuga a bombas, lutas por comida e pela própria sobrevivência e não andam a ofender outras pessoas. A não ser que não tenham carácter. Aí sim, tornam-se patéticas e insignificantes e aproveitam-se da suas condições de pobreza, quer de espirito, quer fisica, para saírem impunes de qualquer crime que cometam, de qualquer falta de respeito, ofensa corporal e mental.

O que me incomoda neste momento, não foram as ofensas. Essas desaparecem rápido da mente se houver necessidade. Mas não entendo o porquê. Porque de um dia para o outro passarem a me ver como um ser tão detestável a ponto de terem de mentir sobre a forma como o meu pai morreu, para me magoar e atingir a minha mãe. A ponto de me ameaçarem tirar a minha família, ou mandarem-me para a prisão. A ponto de inventarem coisas falsas a meu respeito ou de falarem de assuntos que a ninguém diz respeito. E depois de esperarem da minha parte que coloque uma pedra no assunto. Não sei onde isso me faria bem. Talvez seja demasiado sensível ou esse tipo de feridas não curam tão fácil. Talvez esses cortes foram aplicados com demasiada força sem motivo. Talvez por não ter podido responder o que queria, de não me poder defender como queria, talvez e mais certamente, por não poder deixar de as ter na minha vida! No dia em que uma de nós morrer, nesse dia, acabará tudo. E, pela minha experiência, isso vai demorar!

Costumo ver um programa conhecido de entrevistas, em que o moderador pergunta: "alguém lhe deve um pedido de desculpas?". Eu penso muitas vezes na resposta que daria: Poucos há que não saibam que me devem um pedido de desculpa, mas a maior parte não sente que o deva fazer, portanto não existem por aí muitos pedidos de desculpa à minha pessoa. Pois esses que não o sentem, não vão querer se comportar comigo de forma diferente, logo não tenho eu também que desculpar nem deixar de desculpar. apenas tenho que colocar de lado. Tenho feito assim com todos os que não querem cumprir com a sua parte da relação que comigo teriam, fosse de amizade ou de trabalho. O problema surge quando quem te magoou é família, mesmo que não seja tua directamente. Porque se o(a) teu(tua) parceiro(a) não pensa como tu, não pondo de parte, aí torna-se mais dificil esquecer e seguir em frente.

Tenho de aprender a dar tempo ao tempo. A deixar as coisas seguirem o seu rumo e talvez elas sigam na direcção que eu espero. Senão, pelo menos não matei a cabeça com isso. O problema que vem sempre ao meu encontro é que é sempre mais fácil para mim falar que fazer. Eu bem escrevo para desabafar, falo com quem tenho de falar sobre o assunto, choro, grito dentro de mim, toco piano, tento cantar mentalmente na presença de tais pessoas, mas há sempre alguma coisa que faz click e não me deixa entrar em modo: "Let go". Acho que sou como alguns cães que têm demasiada energia acumulada e precisam de desporto; eu preciso disso mentalmente. Tenho demasiadas emoções sempre à flor da pele. Um turbilhão de sentimentos que têm de estar todos dentro de mim. Quero ser tudo, e com esse click passo a ser nada e o que vai cá dentro sai aos poucos em manifestações por vezes até idiotas e pouco felizes. Falham-me palavras, surgem lágrimas e risos de nervosidade, de desespero por querer expressar tudo ao mesmo tempo e não ser o momento certo ou não ser simplesmente o certo a fazer.

Deixo de saber como responder à minha altura e passo a responder à altura de quem não merece sequer um olhar da minha parte, quanto mais troco... E calo-me. Mas nem todos somos iguais. Nem todos se calam, nem todos esquecem da mesma forma. Nem todos ultrapassam as suas lutas da mesma forma. A minha receita não será talvez só minha, mas é minha. A forma como eu a faço não sai igual a outra que usa os mesmos ingredientes. Do mesmo modo, a maneira de agir funciona assim. Por isso não somos todos iguais e por isso mesmo será dificil conviver com todas as pessoas. Umas mais dificilmente outras menos. Umas mesmo sem forma possível.

Seria simples, se as pessoas não complicassem. Se esses seres idiotas e medíocres, mesmo que não te amassem ou não te admirassem, mesmo que te invejassem, te soubessem respeitar, a ti e ao teu espaço. Mas como o meu avô dizia: "Não peças mais dos outros, do que aquilo que eles te podem dar!"

Por isso não peçam de mim também para esquecer aquilo que jamais pode ser esquecido. Nem para pôr uma pedra no assunto quando o assunto é uma pedra ainda maior. Eu não consigo não exigir dos outros aquilo que lhes dou. Quando eu falho não exigo perdão. Posso pedir e se assim for tudo bem, mas se não me perdoarem, não massacro a vida de quem não me perdoa. Deixo de lado. Quando chegar a altura de ser perdoada chegará. Senão também não sofro muito. Mas até agora semrpe que errei e pedi desculpa, foi com sentido e corrigi sempre os meus comportamentos. Não sou de deixar para amanhã o que posso fazer hoje.

Não sou uma pessoa mesquinha, limitada e medíocre. Sou apenas o que sou. Quem não gosta ponha para o lado e deixe-me em paz e ao que é meu, que eu faço o mesmo.









terça-feira, janeiro 07, 2014

Ano novo, Nova vida?

Ano novo traz novas Resoluções, novos Objectivos, novas Perspectivas e coisas boas, segundo o que dizem. Mas na realidade o Ano Novo, traz só um ano novo. Se as pessoas não mudarem, não vai ser o ano a alterar nada. Se não alterares as tuas perspectivas, o teu carácter e mentalidade, nada irá mudar. Podes até conhecer pessoas, ir a locais diferentes, alterar tarefas, mas não é o ano que vai trazer boa sorte. Se estás à espera disso, espera sentado, que em pé cansas-te.

És tu que fazes em grande parte a tua sorte, com as escolhas que tomas, com as atitudes que tens para com os outros, com os objectivos que traças. Tu é que tens que olhar pela tua vida, não é ela que se vai preocupar em ir ao teu encalce. Nem ninguém o vai fazer por ti.

Se não alteras o teu comportamento para com os outros, como queres ser perdoado? Não é o novo ano que vai apagar tudo? Se não pedires perdão, não é o novo ano que pedirá por ti. A mágoa ficará em quem a colocaste e só se agravará. Se não ajudares ninguém, não vais mudar a vida de ningém, e o ano também nâo o fará por ti. Não consegues mudar o mundo, mas podes mudar algo no mundo de alguém e romper, talvez, ciclos viciosos. Se todos esperarem que o novo ano ajude os outros sem fazer nada, essa boka de neve de abusos e falta de respeito por tudo e todos só se irá agravar com o novo ano e, não desaparecer.

Como eu já aqui disse, se continuas a destruir o que tens, quer seja um animal, uma planta, um amigo, um ente querido, uma relação, o teu mundo, o mundo de alguém, isto não deixa de ser destuído por si mesmo. Não fica tudo bem da noite para o dia. Vai cada vez ficar mais marcado, à medida que os anos vão passando. Em relação a ti, acabas por ser esquecido, tanto pelos teus ditos amigos, como pelos verdadeiros, que uma vez se preocuparam contigo.

É o ciclo da vida. As pessoas não se lembram do Leão, porque ele devora os inimigos, mas pela sua imagem de nobreza e bondade que a Disney tão bem soube perpetuar, com o Simba.

Todos detestam o Scar e no final acabam por esquecê-lo e viver as suas vidas. E se estás desse lado da corda, já tens uma visão do teu final. Claro que não tão poético como nos filmes. Na vida real demora mais tempo, por vezes, demasiado. Mas no fim eu acredito que tu, meu querido, vais acabar por ter de pagar a conta e a pior de todas.

Por isso é que também decidi mudar. Deixar-vos a todos, pessoas mesquinhas e patéticas, sair da minha mente. Vai custar, mas vou conseguir. Não sois vós que vos ocupais da minha vida. Sou eu. E Deus também não vos pode tirar da minha vida assim tão facilmente. Por isso, terei de ajustar-me às situações e aprender a viver com isso. Terei que me defender, mas também preciso de parar com esta batalha cerebral comigo mesma. Não está tudo nas minhas mãos. Não consigo fazer com que todos me respeitem nem à minha família. Não consigo colocar à força nos outros carácter. Por isso terei de mudar a minha perspectiva, pois eu não consigo mudar o mundo de todos, que comigo se cruzam. E não vai ser o ano novo que o vai fazer por mim.

Preciso de controlar a situação, antes que esta me controle. Não posso nem devo viver a minha vida sempre a pensar no que os outros falam de e para mim. O que eles irão fazer a seguir para me prejudicar ou ao meu filho e marido. O que realmente deve ocpuar a minha mente é a gratidão pela família maravilhosa que eu tenho. O meu filho mais que espectacular, que me faz rir quando não tenho vontade, que me fez aprender a amar, como nunca julguei ser possível e de forma natural, pura e intensa.

O meu marido que se mantém do meu lado sempre que tem sido preciso e cujo amor tem aumentado todos os dias mais, que partilha as suas alegrias e tristezas comigo, que me respeita e em mim confia. E na saúde que nós os três temos.

Isso sim é que importa. Não se falam bem ou mal de mim. Não se me odeiam, me invejam, se me querem fazer mal. Há semrpe alguém do meu lado que me quer bem. Nem que seja eu mesma.

Deveria, por isso, agradecer todos os dias, mas ao invés a minha mente prega-me partidas e leva-me a imagens do meu passado que me fizeram sofrer, porque eu tenho sentimentos e carácter, porque tenho uma personalidade, porque me invejaram ou me julgaram, porque me e sobre mim mentiram, porque se sentiram inferiores. Porque eu não estabaleci um perímetro de segurança. Não impus limites. Porque apaguem coisas da memória em prol de relações com pessoas que nem devia ter investido um segundo. Porque fiz bem a quem não merecia. Porque eu confio demasiado nas pessoas e tento esquecer o mal que há nelas.

Mas chega a um ponto que não dá mais. Eu não aguento mais e termina tudo ou em discussões ou na minha falta de interesse. Claro que me lembro no bem que todas as pessoas me fizeram, mas o mal arde muito mais e estraga tudo. E quando uma pessoa te causa mais mal que bem, o melhor é afastares-te dessa pessoa.

Mas em todo o sentido. Tanto fisica como mentalmente. Assim por muito que doa, vais conseguir viver em paz. E que se lixem essas pessoas patéticas que não têm vida própria, que não sabem qual o seu lugar. A tua vida não é vivida por esses idiotas, porque deves lhes dar tanta importância. Sou eu que partilho os meus melhores e piores momentos com pessoas magníficas, não os outros que sobre mim falam. Sou eu que desfruto do amor que brota todos os dias da minha família, do sorriso magnífico do meu filho, da compreensão e afecto do meu marido. Sou eu que luto por essa felicidade junto deles. Não os invejosos, esses não os posso deixar ter tanta parte da minha vida e no meu pensamento já terão tido demasiado.

A perda é deles. Não digo que eu não perca algo, perdi tempo com quem as pessoas erradas. Mas pelo menos eu mostrei ter, durante a minha vida, construído um carácter. Um que tem vindo a incomodar, e incomoda, bastante quem não o tem.

23.12.2013 / Graças a Deus É Natal?

Esta altura do ano costumava fazer-me muito feliz. Era a altura do ano em que ou a minha família que vive perto da capital vinha até nossa casa, ou nós íamos até lá. De qualquer forma, era uma altura em que brincava com o meu primo durante duas semanas, tinha o direito de mandar nele e ainda ganhava prendas com isso. Algumas nem olhava duas vezes para elas, mas outras faziam a minha vida valer a pena.

Não me lembro de acreditar no Pai Natal. Lembro-me apenas de ouvir a minha avó falar qualquer coisa que o Menino Jesus é que me trazia as prendas. Não que isso faça mais sentido agora do que na altura, mas também não perdia muito tempo com isso. Recordo-me que descobri a verdade ao encotnrar a minha mãe a embrulhar os presentes na nossa sala. Também sei que estava proíbida de nessa altura entrar na sala, mas o fruto proíbido sempre foi o mais apetecido... Vem também à memória de na catequese, todos os anos, se falar do nascimento de Jesus e de fazermos algo para festejá-lo, mas tembém sei que nunca liguei a esse lado da festa. Eu só queria comida, brincadeira e brinquedos, prendas e mais prendas e quanto maiores, melhores. Chegava ao ponto de contar as prendas à volta da árvore para saber se tinha mais e maiores do que a minha irmã.

À medida que ia crescendo, ouvia algo sobre momento de família e paz, mas no fundo só conseguia pensar no que eu iria receber nesse ano. Costumava procurar em todos os cantos da casa por provas que me levassem à minha prenda e onde ela pudesse estar escondida. A maior parte das vezes descobria-o sempre. Ficava tão entusiasmada que, grande parte das vezes, deixava de ouvir os outros para encher a minha mente com “Já é meia noite?” “Será que este ano não podemos abrir as prendas mais cedo?” e não entendia porque tínhamos de esperar, quando já sabíamos que o Pai Natal não existia.

Quando estas ideias saiam da mente para a boca, a resposta era sempre “NÃO!!” e acabava por ter de esperar. Pela ideia que tenho, esta epsera custava tanto a mim, como ao meu avô, claro que não pelas mesmas razões. Enquanto eu morria para abrir as prendas ele só pensava em ir para o quarto dele e dormir. O engraçado foi que encontrei um vídeo, no qual se vê a minha mãe entregar algo ao meu avô. Um presente feito por mim que qteria na altura 6, 7 anos no máximo. Depois vê-se o meu avô a abrir, vira-se à minha avó e pergunta-lhe o que aquilo era e, ainda sem ouvir a resposta, rasga o boneco que eu tinha feito e cortado (uma coisa muito mal feita certo era), agradece e ninguém repara que o desenho esta por entre os papéis de embrulho para o lixo. Por sorte só vi 20 anos depois, altura em que me parti a rir, por saber que aquilo era o meu avô. Essa personalidade complicada e dificil de ver sorrir, era o que fazia ser tão dificil aturá-lo ao mesmo tempo que não se conseguia viver sem, como o meu pai lhe chamava, “O Monge”, mesmo nos momentos em que ele não se deixava ser amado.

Como estava a dizer, os anos passaram e eu fui perdendo o interesse pelo Natal e tudo o que ele representa. Primeiro porque fomos perdendo os de casa que faziam parte dessa festa, deixando de receber a visita dos nossos familiares ou até de lá ir. E, depois quando o meu pai morreu, acabámos por ser só nós as três a ver televisão até à meia noite, quando trocávamos as prendas antes de nos irmos deitar. Foi aí que comecei a pensar no porquê de esperar até à meia noite e em todo o significado de tudo aquilo. Mas já foi depois de casada que comecei mesmo a pensar nisso e a deixar de celebrar. As pessoas julgam-me logo e partem do pressuposto que sou maluca, porque não ando com a maré. Eu explico e, apesar de concordarem com certos pontos, acabam sempre por argumentarem que é o momento da família e de paz e todos fazem, por isso para quê mudar? Cada um sabe de si, mas vou aqui explicar o porquê da minha decisão, para que me deixem de julgar. Primeiro os argumentos são que se festeja o aniversário de Jesus. O problema é que, segundo a própria Bíblia e a minha pesquisa, não existe data desse nascimento, só uma época que coincide mais com o final do Verão do que com o Inverno. Em Dezembo, seria impossível praticamente de caminhar tanto como Maria e José, ainda mais estando ela grávida. Em alguns países foi até proíbida a celebração do Natal, pela sua origem ser pagã. “Natal ou Dia de Natal é um feriado e festival religioso cristão comemorado anualmente em 25 de Dezembro (nos países eslavos e ortodoxos cujos calendários eram baseados no calendário juliano, o Natal é comemorado no dia 7 de janeiro), originalmente destinado a celebrar o nascimento anual do Deus Sol no solstício de inverno (natalis invicti Solis), e adaptado pela Igreja Católica no terceiro século d.C., para permitir a conversão dos povos pagãos sob o domínio do Império Romano, passando a comemorar o nascimento de Jesus de Nazaré”. “Como a troca de presentes e muitos outros aspectos da festa de Natal envolvem um aumento da atividade econômica entre cristãos e não cristãos, a festa tornou-se um acontecimento significativo e um período chave de vendas para os varejistas e para as empresas. O impacto econômico do Natal é um fator que tem crescido de forma constante ao longo dos últimos séculos em muitas regiões do mundo. Além disso, a celebração do Natal foi proibida em mais de uma ocasião, dentro da Além disso, a celebração do Natal foi proibida em mais de uma ocasião, dentro da cristandade protestante, devido a preocupações de que a data seria muito pagã ou anti-bíblica.” (in Wikipédia) Surge agora o ponto em que me pergunto, porque os católicos, que apregoam tanto o seu Cristianismo e devoção e, pelos vistos não lêm bem a Bíblia, só as partes que convêm... Mas bom, não vou entrar por esses debates no momento. Mas até mesmo que Jesus tivesse nascido nesse dia porque raio somos nós a receber os presentes? Achamo-nos de tal forma importantes que podemos recebê-los em seu nome?

As pessoas quando confrontadas com estes factos, viram e dizem que não tem nada a ver com Jesus, mas sim com momento de estar com a família e amigos e em paz. Então eu pergunto, porque tem de ser o 24/25 de Dezembro? Porquê só uma vez por ano? Porquê de tanta prenda? E porquê só há meia noite? Ninguém me dá uma resposta lógica, não que isso me incomode. Cada um faz o que quer e só deve justificações a si mesmos. Mas então, não me tratem como se eu fosse uma crimonosa e louca. Para mim é tão claro o motivo de eu não festejar o Natal, como o que leva milhões a fazê-lo.

Primeiro estamos a falar de uma economia mundial que aguarda anciosamente por esse momento. As pessoas compram e compram, quase sem limites, mesmo que sejam porcarias, porque é Natal e porque se tem de oferecer algo a alguém. Não se pára para pensar que talvez fosse melhor guardar esse dinheiro e juntá-lo a outro para oferecer o que realmente alguém e quando precisa, ou algo espontâneo, só para mostrar que se lembram dessa pessoa sem data ou motivo. Apenas porque sim!

Depois estamos a falar de famílias que muitas vezes não se vêm durante o ano todo, só em festas de natal, ou de aniversários. E, dessa forma este dia surge para que se tenha de aturar os familiares que dpositam a mil à hora histórias que não interessam a ninguém, que não fazem grande sentido ou falam dos milhões de doenças que tiveram ao longo deste ano, durante o qual nunca ligaste para saber como estavam. Nesta altura tudo é permitido, porque é natal, todos se têm que aturar e fingir que são muito felizes, que não têm tempo durante o ano para se juntar com a família e, dessa forma os outros saberem que não serão bem vindos de surpresa a tua casa. Terão de novo a noite de 24 e o dia de 25 para reclamarem do mesmo. As pessoas patetizam-se mais nestes dias. Mas tem tudo uma boa justificação: É Natal!

Por último e de certa forma mais importante, é a única altura do ano que fica bem preocupar-se com os outros. O mundo de um mês para o outro fica perfeito e somos todos amigos e solidários. O mundo passa a ser melhor. Por um mês. E, por isso é que o Natal não desaparece. Os Patéticos fingem ainda com mais força que realmente se preocupam com as pessoas. Que realmente te amam e nesta altura esperam que todos lhes perdoam e esqueçam os erros passados, afinal de contas é Natal. A única época do ano onde a paz, o perdão e o amor têm lugar. Nesta altura, os jornais passam boas notícias, de solidariedade, de esperança e fazem as más novas desaparecerem. A Crise deixa de ser problema, toda a gente se esforça ao máximo para comprar e ajudar e, neste mês, as pessoas aliviam-se dos problemas.

Neste momento já devem estar muitos a reclamar, chamando-me Freak para não dizer pior, porque eu não celebro o que milhões celebram: nada. Ao fim ao cabo, se não se festeja o nascimento de Jesus, se a família poderia estar junta noutra altura, o que estão a celebrar? O próprio simbolo de Natal foi alterado pela Coca-Cola, uma das grandes marcas do consumismo; e até a árvore de Natal tem agarrada a si ideias de consumismo, paganismo. Eu não quero com isto quebrar a magia. De todo!! Eu só gostaria que o que vocês vêm nesse mês, o vissem por todo o ano. Que se esforçassem para estar com quem realmente vos ama, o ano todo. Que presenteassem os amigos e entes queridos com surpresas ao longo do ano, com amostras de carinho. Pois pode haver um Natal que esse familiar já não venha e ficam a pensar que poderiam-no ter conhecido melhor, caso se tivessem esforçado.

Que ajudem e sejam prestáveis o ano todo. Não só no 24 e 25 de Dezembro. Não só em Dezembro. Todos os meses, semanas e todos os dias. Não se percam na ideia de que o Mundo só merece um cenário melhor uma vez por ano. Não sonhem só com o 24, não esperem só pela prenda da vossa vida à meia noite. Desejem o bem o ano todo, para todos. Sonhem todos os dias e, sempre que possível façam a diferença na vida de alguém de algum ser. Não só quando os outros o fazem. Não pensem nos vossos entes queridos no 24, não os aturem só porque sim, aturem-nos porque querem e porque se preocupam e porque eles vos respeitam e se preocupam convosco. Não sejam só bons, porque os outros dizem e só nesta época do ano. Escolham-no ser sempre que quiserem. Mostrem que respeitam os outros todo o ano e serão respeitados. Senão, essa pessoa não é importante, nem no Natal nem nunca. Não desejem bem às pessoas através de uma mensagem que copiaram e enviaram para a vossa lista telefónica.

Escrevam sempre que se lembrem. Arranjem tempo para uma mensagem, uma carta, um email, um telefonema, uma mensagem no facebook. Mas façam algo para mostrar que se preocupam. Para verem a outra pessoa feliz de saber que vocês se lembram e que vocês gostam.

Não estejam com os vossos familiares porque todas as famílias estão. Não é isso que vos torna uma família a sério. Os outros dias são importantes também, durante os quais deves respeito aos outros e te devem o mesmo a ti. Quando isso não existe por tua culpa, esforça-te para que exista. Não finjas só no Natal que está tudo bem , para receberes aquela consola, aqueles brincos, aquele telemóvel, aquela prenda que tanto desejas. Mesmo que tenhas kilómetros a distanciar-te de quem gostas, amas e respeitas, mostra que estás com essa pessoa. Família não tem que significar sempre sorrisos, também se discute (saudavelmente), se chora, se contesta. Não digo para darem continuidade aos falsos sorrisos do Natal, mas sim explorarem as soluçõoes para os vossos problemas entre todos e estarem presentes, quando é (ou não) preciso. Para mim, o que não é normal é eu ter que me sentar com pessoas que eu mal conheço ou nem gosto e fingir que está tudo bem, porque é natal. Não consigo fazer isso no dia-a-dia, logo não seria capaz de o fazer nesse dia. Não tenho que ser diferente porque é Natal. Tenho que ser diferente se escolher sê-lo.

Se eu não quero perdoar, não o vou fazer porque é Natal. E se os outros não querem ser perdoados, não têm de fingir que sim, só porque é Natal. Peçam perdão, quando realmente merecem e realmente querem respeitar os outros, caso contrário não é só pelo Natal estar à porta que o Mundo inteiro vai mudar. Mas não quero ir por este caminho. Como disse, não quero acabar com o espirito Natalício, apenas queria que fosse mais o Espírito Vitalício. O que aconteceu à frase: “O Natal é quando o homem quiser?” A humanidade desceu assim tão baixo que já só tem forças para o desejar apenas anualmente?

Se assim é, festejem apenas o 24 e o 25 de Dezembro. Mas se as minhas palavras têm alguma lógica, festejem o aniversário de Jesus todo o ano, sempre que se lembrare que ele é razão de existirmos. Existem várias datas possíveis para o seu nascimento. Se calhar era isso que Ele iria querer, o seu aniversário todo o ano.