Medíocres e Patéticas Pessoas

Medíocres e Patéticas Pessoas

sexta-feira, março 28, 2014

Não guardar mágoa? Tretas!


É muito fácil para alguém dizer para afastar as mágoas, pois elas só prejudicam. Até certo ponto, é verdade, mas se te fazem tanto mal, porque uma pessoa tem de se esquecer do que foi feito e perdoar?
Depois ainda surge a teoria que perdoar não significa que a pessoa o mereça , mas que a pessoa que perdoa é que merece paz. Isso são tretas. Perdoar quem não pede perdão, ou quem o pede sem sentido, quem não merece, só para ter paz? Ter determinados comportamentos com alguém que te maltratou, só porque dessa forma tu é que ganhas pois mostras uma atitude mais madura... ?

Tretas!!! Tudo tretas. Se perdoas quem não tem emenda e quem não faz por ser perdoado, a pessoa sai a ganhar. Tens uma atitude mais madura? E então? A outra pessoa fica de consciência tranquila, pode voltar a errar, porque será sempre perdoada, será sempre tudo esquecido. Porque guardar rancor faz mal... Faz mal sim, mas a quem te criou esse rancor, porque tendo isso, nunca se esquecerá o que foi feito. É uma espécie de carimbo que marca essa pessoa.

Isto não significa que eu vou odiar a pessoa para sempre e não consigo viver a minha vida sem me vingar. A questão está em afastar aquilo que nos corrompe e a quem amamos. Uma maçã boa nunca consegue curar a podridão das outras, mas as maçãs podres contagiam tudo à volta e estragam uma cesta de fruta perfeita.
Então se deitamos no lixo maçãs, que nunca nos ofenderam, porque não deitar fora quem nos maltrata?

Não é por perdoar alguém que me vou esquecer do que me fizeram. E muito menos se quem me denegriu o continua a fazer, sem nenhuma espécie de remorsos ou sentimento de culpa. Se tudo o que foi feito contra mim, surge nas suas cabeças como causado por mim ou em seguimento de ideias imbecis. "Só não te cumprimentei, porque ela também não cumprimentou..."; "Tratei-te mal porque ela tratou-me pior"; "Chamou-te burro, mas há nomes piores..."

E depois de explicares seja a quem for o que te fizeram (isso deixo talvez um dia mais tarde para um livro , que certamente daria um bom filme de terror), existe sempre aquela boa alminha que diz: "Deus também perdoa, temos de aprender a ser mais como Ele.". Primeiro: Eu não sou Deus! E segundo, Deus perdoa quem se arrepende profundamente do que fez e altera os seus comportamentos. Não quem Lhe diz "Vamos pôr uma pedra no assunto" e torna a repetir os mesmos erros vezes e vezes sem conta.

Como disse não sou Deus, seria um orgulho chegar perto dessa grandeza de espirito e misericórdia, dessa paciência. Mas Judas por exemplo não terá perdão. Ele traiu e nunca se arrependeu, matou-se com medo não por arrependimento. Já sei que a traição de que fui alvo, não foi tão grande como a de Jesus, mas eu também não sou tão grandiosa. E numa escala de comparação, eu fui traída, ofendida e de certa maneira prega na cruz sendo difamada, tomada como filha do Diabo e mentirosa. Essas pessoas que não se arrependeram de maltratar Jesus, Deus não os perdoará. Porque raio terei eu, que não sou tão mesiricordiosa?!

É certo que não vou calcular todos os meus passos para prejudicar outras partes envolvidas. Eu não procuro guerra. Procuro paz e essa só a terei quando alguém se aperceber do mal que essas maçãs podres poderão trazer à nossa cesta de frutas e as deitar fora.

Sim, bem sei que pode parecer frio. Mas é o que tem de ser feito. É o acertado. Primeiro está a familia (no verdadeiro sentido da palavra: quem convive connosco diariamente, nos diz que nos ama e mostra, quem de facto se preocupa e respeita, mesmo não partilhando a mesma composição de ADN), depois o resto, sejam parentes, sejam conhecidos. Para mim não é relevante. Talvez como sempre tive os meus pais presentes, que nunca me abandonaram nem rejeitaram. Por ter visto o que a indiferença de uma mãe fez ao meu pai (que nem no funerla dele se dignou a aparecer), talvez por isso ou por ter carácter, sei o que esperar do papel de uma mãe e de um pai.

Com isto, não coloco a minha mãe num pedestal. Teve falhas como todos, como eu tive com ela. Mas nunca me chamou nomes, nunca ofendeu a minha família, nunca pos terceiros à minha frente, preocupa-se comigo e à maneira dela mostra que me ama e me respeita. Altera alguns comportamentos, mesmo que cabeça dura, quando se apercebe do rumo que as suas manias estão a levar.

Mas não concebo na minha cabeça de mãe (que ainda o sou só há três anos) deixar um filho com uma empregada e levar os restantes filhos para África, ou ir por ciuúmes, para outro país com a nova família e deixar para traz o empecilho, só porque um homem não vê essa criança como dele e não o quer respeitar. Nem que me apontassem uma arma à cabeça.

O mais complicado nem são essas escolhas. São as escolhas que se fazem a partir daí. O que se escolhe dizer ou fazer. Pensando que se pode dizer tudo só porque nalguma altura da vida se sofreu. Porque como houve abandono, quem foi abandonado terá sempre uma tendência inexplicável de ter o que nunca lhe foi dado e perdoar e esquecer tudo. Quem abandonou também sofreu muito, dizem.
Até pode ser aceite como desculpa por algum tempo. Mas não indeterminadamente. Eu não sou assim tão velha e já sofri muito, mas não ando para aí a ofender as pessoas só porque o meu pai morreu há dez anos. Não uso isso como desculpa. Uma altura da vida isso deixou-me de rastos. Pensei em suicidio, tentei de facto e, como faltou a coragem para chegar ao fim, decidi dar cabo da minha vida com tabaco, alcool, péssimas escolhas e piores companhias. Mas só me prejudicava a mim. Não ofendia ninguém para além de mim e a memória do meu pai. Não me permitia ser feliz, mas não impunha essa infelicidade a quem estava ao meu lado. Apenas não comunicava.

Há quotidianos que envolvem fuga a bombas, lutas por comida e pela própria sobrevivência e não andam a ofender outras pessoas. A não ser que não tenham carácter. Aí sim, tornam-se patéticas e insignificantes e aproveitam-se da suas condições de pobreza, quer de espirito, quer fisica, para saírem impunes de qualquer crime que cometam, de qualquer falta de respeito, ofensa corporal e mental.

O que me incomoda neste momento, não foram as ofensas. Essas desaparecem rápido da mente se houver necessidade. Mas não entendo o porquê. Porque de um dia para o outro passarem a me ver como um ser tão detestável a ponto de terem de mentir sobre a forma como o meu pai morreu, para me magoar e atingir a minha mãe. A ponto de me ameaçarem tirar a minha família, ou mandarem-me para a prisão. A ponto de inventarem coisas falsas a meu respeito ou de falarem de assuntos que a ninguém diz respeito. E depois de esperarem da minha parte que coloque uma pedra no assunto. Não sei onde isso me faria bem. Talvez seja demasiado sensível ou esse tipo de feridas não curam tão fácil. Talvez esses cortes foram aplicados com demasiada força sem motivo. Talvez por não ter podido responder o que queria, de não me poder defender como queria, talvez e mais certamente, por não poder deixar de as ter na minha vida! No dia em que uma de nós morrer, nesse dia, acabará tudo. E, pela minha experiência, isso vai demorar!

Costumo ver um programa conhecido de entrevistas, em que o moderador pergunta: "alguém lhe deve um pedido de desculpas?". Eu penso muitas vezes na resposta que daria: Poucos há que não saibam que me devem um pedido de desculpa, mas a maior parte não sente que o deva fazer, portanto não existem por aí muitos pedidos de desculpa à minha pessoa. Pois esses que não o sentem, não vão querer se comportar comigo de forma diferente, logo não tenho eu também que desculpar nem deixar de desculpar. apenas tenho que colocar de lado. Tenho feito assim com todos os que não querem cumprir com a sua parte da relação que comigo teriam, fosse de amizade ou de trabalho. O problema surge quando quem te magoou é família, mesmo que não seja tua directamente. Porque se o(a) teu(tua) parceiro(a) não pensa como tu, não pondo de parte, aí torna-se mais dificil esquecer e seguir em frente.

Tenho de aprender a dar tempo ao tempo. A deixar as coisas seguirem o seu rumo e talvez elas sigam na direcção que eu espero. Senão, pelo menos não matei a cabeça com isso. O problema que vem sempre ao meu encontro é que é sempre mais fácil para mim falar que fazer. Eu bem escrevo para desabafar, falo com quem tenho de falar sobre o assunto, choro, grito dentro de mim, toco piano, tento cantar mentalmente na presença de tais pessoas, mas há sempre alguma coisa que faz click e não me deixa entrar em modo: "Let go". Acho que sou como alguns cães que têm demasiada energia acumulada e precisam de desporto; eu preciso disso mentalmente. Tenho demasiadas emoções sempre à flor da pele. Um turbilhão de sentimentos que têm de estar todos dentro de mim. Quero ser tudo, e com esse click passo a ser nada e o que vai cá dentro sai aos poucos em manifestações por vezes até idiotas e pouco felizes. Falham-me palavras, surgem lágrimas e risos de nervosidade, de desespero por querer expressar tudo ao mesmo tempo e não ser o momento certo ou não ser simplesmente o certo a fazer.

Deixo de saber como responder à minha altura e passo a responder à altura de quem não merece sequer um olhar da minha parte, quanto mais troco... E calo-me. Mas nem todos somos iguais. Nem todos se calam, nem todos esquecem da mesma forma. Nem todos ultrapassam as suas lutas da mesma forma. A minha receita não será talvez só minha, mas é minha. A forma como eu a faço não sai igual a outra que usa os mesmos ingredientes. Do mesmo modo, a maneira de agir funciona assim. Por isso não somos todos iguais e por isso mesmo será dificil conviver com todas as pessoas. Umas mais dificilmente outras menos. Umas mesmo sem forma possível.

Seria simples, se as pessoas não complicassem. Se esses seres idiotas e medíocres, mesmo que não te amassem ou não te admirassem, mesmo que te invejassem, te soubessem respeitar, a ti e ao teu espaço. Mas como o meu avô dizia: "Não peças mais dos outros, do que aquilo que eles te podem dar!"

Por isso não peçam de mim também para esquecer aquilo que jamais pode ser esquecido. Nem para pôr uma pedra no assunto quando o assunto é uma pedra ainda maior. Eu não consigo não exigir dos outros aquilo que lhes dou. Quando eu falho não exigo perdão. Posso pedir e se assim for tudo bem, mas se não me perdoarem, não massacro a vida de quem não me perdoa. Deixo de lado. Quando chegar a altura de ser perdoada chegará. Senão também não sofro muito. Mas até agora semrpe que errei e pedi desculpa, foi com sentido e corrigi sempre os meus comportamentos. Não sou de deixar para amanhã o que posso fazer hoje.

Não sou uma pessoa mesquinha, limitada e medíocre. Sou apenas o que sou. Quem não gosta ponha para o lado e deixe-me em paz e ao que é meu, que eu faço o mesmo.