Medíocres e Patéticas Pessoas

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quarta-feira, abril 15, 2015

A treinar para ser (im)perfeita

Trabalho todos os dias da semana. Chego a casa mais trabalho. Os cães sujaram algo, a casa está suja porque é velha e entra pó. Porque toda a casa se suja todos os dias. Limpar. Aspirar, varrer, esfregona. Limpar o jardim. É casa de banho dos meus animais também. Fazer o comer e ver se há tempo para desporto. Tomar conta do meu filho ao mesmo tempo.
Sempre ouvi dizer que quem toca muitos instrumentos, não toca todos bem.
Assim que a minha casa nunca está perfeitamente bem limpa, como nos filmes. A minha paciência não é sempre de ouro e não sorrio sempre. O meu filho não sorri sempre.


Entretanto chega o marido a casa. Tem o trabalho longe, demora mais tempo a chegar a casa. Faz ele desporto quando tem força para isso. Come. E, como todos quer um pouco de paz no mundo online. Ele também não sorri sempre.


Por vezes sinto-me frustrada e percebo que ele também. Alguém disse algo no trabalho que não soou bem. Alguém no trânsito. Cansaço... Falta de tempo. O tempo depois dos 25 começa a correr. Mais responsabilidades e mais que fazer no mesmo tempo que antes não se tinham grandes preocupações.


Mas depois essa ideia passa. Não sou uma mulher frustrada. Nem o meu marido é um homem frustrado. A vida não é um mar de rosas. Há dias que custam apenas mais a passar.


Sim, não sorrimos todos os dias. Não sorrio todos os dias, mas sorrio mais vezes e com mais fervor. Sou feliz na minha confusão. No meio de dias com gritos, no meio de dias com abraços e beijos, com mimos e joguinhos. Sou feliz por entre dias de choro e dias de rizada perdida. Sou feliz nos dias aborrecidos de chuva e nos dias de actividade no exterior quando faz bom tempo.


Sou feliz. Porque todos os dias aprendo a ser menos imperfeita. Sou um processo de mim mesma. Todos os dias aprendo com o meu pequenito e com o meu maiorzão. Até os meus cães me ensinam qualquer coisa.


Não tenho tudo o que quero certamente, No final de contas quem tem? Mas amo todos os dias o que tenho e o que conquisto e sou grata por isso. As minhas conquistas não incluem uma Ida à lua, ou a cura para a SIDA, mas conquisto-me a mim na medida que posso. E conquisto o meu filho e marido cada dia que passa.


Sou uma confusão. Mas sou feliz. Sou esposa, sou mãe, sou trabalhadora e sou MULHER e, apesar de por vezes pensar que seria melhor ter nascido com um pénis e Sem mamas, sou feliz por ser mulher. Apesar de não ocuparmos tantos Cargos de poder como os homens, não se esqueçam, a mão que embala o berço, embala o mundo.