Medíocres e Patéticas Pessoas

Medíocres e Patéticas Pessoas

segunda-feira, fevereiro 02, 2015

Je suis Charlie

Cada dia que passa fico mais desiludida com a nossa espécie. Com os acontecimentos que suregem nos nossos écrãs diariamente. Guerras, lutas. Homicídios, assaltos. Parece que algo em  nós, numa grande parte, sente uma necessidade ridicula e inexplicável de prejudicar tudo e todos que nos rodeiam, só por puro orgulho.


De que nos orgulhamos tanto? Do bem que construímos? Dos objectivos que conseguimos cumprir? Eu não vejo orgulho em descobrir curas de doenças, o tempo de antena de uma notíca destas é muito mais pequeno do que de um ataque terrorista.
Pouco tempo se dá também a quem faz voluntariado. A quem faz da sua vida, o bem na vida dos outros. Perde-se mais tempo a falar em quem mata do que em quem salva.
A mensagem que passa é que há mais maldade do que bondade. Que mensagem é essa? Que futuro
queremos deixar? Se bem que a continuarmos assim, não deixaremos futuro algum.


Os eventos que marcaram o mês passado, fizeram com que pensasse nos inúmeros homicídios que acontecem sem qualquer justificação em todo o mundo e senti-me impotente. Triste. O Amor foi substituido pelo orgulho. Orgulho em crenças que fogem ao orgulho e apelam ao Amor, paz, respeito e alegria. Independentemente do nome do Deus ou da religião, estes deveriam ser a base e não orgulho.


Assim, vemos um grupo de pessoas que acreditam plenamente que têm o direito de destruir e matar. E para isso serve qualquer motivo. Deus, ofensas, dinheiro, orientação sexual, cor do cabelo, bocaods de terra... Tudo o que já vivemos não nos ensinou nada a não ser maneiras mais eficientes e brutais de aniquilar o inimigo. Seja ele quem for. Esteja ele onde estiver.


Já não existe o sentimento de respeito pela vida do próximo. Nem por aquilo que se acredita, pois se houvesse respeito não se mataria ninguem em nome de religião alguma. Os cristãos cometeram esse erro há centenas e anos atrás. E parece que isso não ensinou nada. Os muçulmanos extremistas estão parados no tempo. Mas só no que lhes interessa. Na brutalidade e violência, porque de resto aderem bem aos meios de comunicação como forma de implantar medo.


O seu objectivo, não é o mesmo de quem segue esta religião pela fé. O objectivo destes jihadistas e outros como eles, é o de implantar medo e não o de fazer com que as pessoas respeitem os seus ideais nem as suas crenças e o seu Alá. Eles querem impor respeito através de medo. E estes dois conceitos são totalmente opostos. Não se pode ter medo de alguém ou de algo e respeitá-lo ao mesmo tempo.
Temer Deus não é o mesmo que ter medo das pessoas que pregam seus mandamentos e lições. Eu não tenho de ter medo de alguém que acredita num Deus diferente do meu, nalguém que peca. Nem eu tenho que impor esse medo em alguém. Eu nem tenho de ter medo de Deus. Eu tenho que O respeitar e cumprir os seus ensinamentos, se segundo a minha liberdade de escolha que Ele me deu, eu assim o pensar.


Deus, seja ele qual for o nome que lhe dem, não quer que as pessoas O sigam com medo, mas com Amor e pela sua própria vontade. Estes extremistas, seja de que religião ou política for, não querem que as pessoas tenham vontade própria, nem mente própria. Quanto mais ignorantes e mais apavorados estiverem, melhor.


No final de contas, estes assassinos só prejudicam aquilo que eles dizem defender. A sua própria fé. A justificação de estes e quaisquer outros homicídios não é procurar o respeito de alguém, nem tão pouco o medo. O primeiro sentimento de quem mata é tirar a liberdade dos que morrem e dos que por qualquer motivo sabem dessa morte. O medo tira a liberdade e no fundo é esse o objectivo de quem assassina. Criar medo para que as pessoas não sejam livres.

Quem tem filhos terá sempre medo que algo aconteça aos seus filhos, pelo que soube de outros casos. Hoje em dia, nem na escola uma criança tem segurança. Quem tenha ou não filhos, terá sempre medo do que espreita ao virar da esquina. Se alguém o segue. Do aspecto de algumas pessoas.
O objectivo de criar medo é primeiramente de limpar a mente. E nestes últimos acontecimentos mediático e trágicos onde mais de 20 pessoas morreram, com medo calar as bocas de quem quer falar. Fechar a mente de quem a quer abrir. "É melhor não criticar, pois pode ofender e ser morto"....

Assim, cada vez que coisas Destas sucedem as Mentes se dividem. Há quem queira continuar a lutar, há quem desista. E no final do dia eles ganham. O medo que implantam é superior à vontade de lutar em muitas pessoas.
Somos não só bombardeados nos meios de transporte e nos locais de trabalho (literalmente), como nos nossos televisores, com palavras como "Terrorista", "Terrorismo", que acaba por incutir no nosso inconsciente pânico, Terror. E a mensagem que eles pretendem e insistem em enviar chega até nós.


Têm direito de antena. Os seus vídeos são publicados e transmitidos e o dito mundo ocidental não reage. E no entanto, um simples desenho de Maomé causa mortos e há quem defenda que não deveriam ter ofendido, pois já se sabe que eles iriam atacar....


Eu também me ofendi muito mais com as mortes de individuos inocentes que foram decapitados em praça pública, só por estarem no sítio errado na Hora errada. Ofendi-me ainda mais por terem utilizado crianças para fazer o trabalho mesquinha. Ofende-me muito que os governantes de grande parte dos países ditos de terceiro mundo, tenham dinheiro como nem se imagina e no entanto as suas populações morrem à fome, ou com doenças que uma simples vacina, ou redes mosquiteiras lhes salvaria a vida, mas no os governos dizem não ter dinheiro para isso. Ofende-me os governos dos países ditos industrializados brincarem com o dinheiro dos seus cidadãos e roubarem quem os sustenta e quem lhes compra os seus carros de luxo e mansões.
Ofende-me que as pessoas matem em nome de qualquer Deus. Mas não é por isso que deixam de se fazer Estas coisas. E não é por isso que eu vou à Internet comprar armas no mercado negro e saio por aí a matar quem eu acho que tem cara de mau, ou quem já me ofendeu. E às vezes vontade não me falta.


Mas eu não tenho esse direito sobre a vida de outras pessoas. Eu não posso tirar a vida de alguém, só porque não concorda com a minha maneira de ser ou de ver as coisas. Porque eu respeito a vida. Porque eu não quero que as pessoas tenham medo de mim, mas sim que me respeitem pelo que sou e no que acredito. Mesmo que não concordem. A frase que rege a minha vida prende-se com isto: "A minha liberdade acaba quando começa a dos outros". É pena que não haja muita gente a pensar assim,


Estes jornalista estavam a fazer o seu trabalho. Levar Humor a casa das pessoas. A sua ironia servia nas suas Mentes não para ofender a religião, nem quem nela acredita, mas sim chamar a atenção de quem dela distorce os factos e assassina em seu nome. Quem não gostava, não comprava, nem lia. Porque os jidahistas não fizeram o mesmo?


Mas não nos podemos silenciar. Não vamos baixar a cabeça a quem nos quer tirar a nossa vida. Não vamos lutar com armas, mas com as nossas palavras e a nossa liberdade de pensamento e expressão!


Vamos lutar com o respeito que mostraremos ter para com os outros. Para com a vida de cada um. Ser humano ou não. Charlie Hebdo vai marcar cada um de nós, jornalista ou cabeleireiro. Médico ou comediante, trabalhador da construção civil, ou mulher a dias, mães, Pais e filhos. Não nos calaremos. Não nos baixaremos. Não desistiremos do nosso futuro. Sem violência. Com Amor e respeito. Mas Sem medo.

E Agora? Irão atrás de todos nós?


Sem liberdade de expressão, não existe qualquer outra. Eu irei sempre ensinar o meu filho que ele tem direito à sua opinião. Ninguém me impedirá disso.


Em memória de Tantas ciranças mortas anualmente pelo mundo, para as que morreram em atentados bárbaros e terroristas, seja nos países industrializados, como nos outros. Pelas pessoas que perderam a vida nos últimos meses, por estarem no local errado. Por todas as crianças que são forçadas a matar as suas famílias e a lutar por algo que nem elas sabem o quê. Pelos que perderam a sua vida por fazerem o seu trabalho ou por apenas falarem o que acham ser correcto.
Por todos aqueles que ainda perderão as suas vidas pela idiotice de outros, sejam políticos ou guerrilheiros.


Por todos eles deixo aqui Estas palavras e as minhas lágrimas. E a promessa que eu nunca me esquecerei e a vossa morte não terá sido em vão. Eu, como outros não toleraremos isto.


Talvez por ter estudado para jornalista, apesar de nunca ter exercido a profissão, Sinto que sou jornalista e não me poderei calar.
Por isso pela Liberdade e pelo respeito à vida:


Je suis Charlie!