Medíocres e Patéticas Pessoas

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terça-feira, outubro 27, 2015

A inocência perdida

Ouço o meu filho falar e por vezes dou comigo a pensar... Onde foi que eu perdi esta inocência? Quando fui ganhando idade? Quando entrei na puberdade? Quando atingi a maioridade? Ou quando a vida me tramou forte pela primeira vez? 
Não falo da primeira vez que eu pensei que a vida me tinha tramado. Refiro-me a vez que a vida me tramou mesmo. 
Sim foi aí. 
Mas será que perdi mesmo totalmente a minha inocência? 
Na maior parte de mim sim. Já sei o que é sofrer. Sofrer inesperadamente a perda de alguém. Morreu um pouco de mim com a minha avó. Mas o meu pai levou a inocência praticamente toda com ele. 
A minha criança ele levou. 
Claro que ficou algo. Fui redescobrindo com a ajuda do meu marido e do meu filho. Mas a minha essência perdeu-se quando me perdi...
Deixei de ter o meu protector. E não, não acredito que ele esteja nalgum lado a proteger-me.
Não tem lógica tal ideia na minha cabeça. Para isso ele estaria comigo  a ver-me crescer como pessoa, a ver o meu filho crescer. 
Mas adiante... Já me estou a perder...
Eu perdi-me e nessa altura deixei de gostar de ser feliz.
Não achei que tinha direito a ser feliz sem ele. Fiz tudo para me destruir. Por sorte nunca consegui te a coragem da cobardia de acabar com aquilo que não seria eu a ter de acabar.
Mas com o meu pequeno já brinco de novo. Com o meu marido aprendi que tenho direito de ser feliz. Ninguém que fica tem culpa quando alguém vai a não ser em casos de homicídio. E a vida aos engasgos continua...
Aprendi que posso ter ainda a minha inocência. Claro que não como dantes. Já sei o que é certo / errado. O que é tristeza e alegria. O que é dor. Engano. Traição. Respeito e falta dele. Por isso não posso ter as ideias tresloucadamente maravilhosas que ele tem. 
Mas sou eu feliz sempre que posso, quando posso. Bom e inocente, só às vezes... até quando não devo!