Medíocres e Patéticas Pessoas

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segunda-feira, fevereiro 19, 2024

Um ano passou, uma nova vida recomeçou


Muito aconteceu desde a ultima vez que escrevi escondida para este blogue. Mas porque não recapitular?

Resumindo, durante 16 anos vivo num mundo à parte do meu corpo. Fui expulsa de mim mesma para agradar a outros. Pelo menos é o que sinto agora que olho para trás no tempo. 

Começou-se por colocar o meu eu num pedestal. Tudo era perfeito. Eu era perfeita. Depois vem a dependência. E a imposição da ideia de que o meu eu sem o outro não se consegue defender, não consegue ser amado, não tem força... Aos poucos a redução do meu eu, até este ser expulso de mim. O meu eu passa a ser reduzido, criticado por tudo. Melhor mesmo é alterá-lo, para ser mais agradável. Mas nunca será suficiente. Primeiro, para os demais. Porque ninguém nunca o vai amar como o outro. Posteriormente, serão encontrados cada vez mais defeitos a ser corrigidos, pois senão nem ele já consegue amar o meu eu... Ou tudo muda, ou o eu fica sozinho. Afinal, familia e amigos ja se começam a dissipar. Porque o meu novo eu os vai afastando, com medo de perder o amor perfeito. Por medo. Por vergonha. Pelo que fosse. 

Então, o jogo está, neste momento tão avançado, que mais vale continuar a jogar. Depois do casamento, filhos. Nas fotografias tudo perfeito. Onde ninguém conseguia ver, a história era diferente. E quem conseguia ver alguma coisa à distância e tentava de alguma forma alertar, era considerado inimigo a abater. 

Nesse processo entre eus, fiquei doente. não sabia mais quem era o meu eu, o que tinha desaparecido, ou o que tinha sido criado agora para beneficio de outros. A luta contra mim própria foi forte e perigosa por vezes. Mas foi necessária. Foi preciso chegar ao fundo do poço para subir ancorada pelo meu eu que tinha desaparecido, agora mais forte e melhorado. 

E agora estou onde estou. Ainda numa luta, mas já não comigo própria. Agora sei quem sou. O que defendo, o que acredito. Os meus limites e as minhas fronteiras. O que quero na minha vida. Quem eu quero na minha vida, à minha mesa, como se costuma dizer. Primeiro de tudo os meus filhos. Serei sempre o porto de abrigo deles. Primeiro mãe, mas certamente amiga. Que os quer ver crescer como bons homens. E tudo fará para isso. Lutando contra tudo e todos, não importando quem e como. Uma mistura de Leão e Lobo. Que devora os mesquinhos e maus que se cruzem no nosso caminho, sejam eles quem forem. 

Recuperei-me. Apaixonada pela vida e pelos meus que dela fazem parte. Familia e amigos, que me mostraram o que é ser muro. Que independentemente da distância a que estão de mim, eu não estou sózinha. E que me tornam ainda mais forte do que sou. Quem seria eu sem os que perto me ajudam. Me visitam. Me apoiam. Me ajudam. E sem as video chamadas com a mãe e irmã. Com primos e amigos. Sem os chats de apoio de amigas que pensei nunca mais me falarem. 

E sabem qual a melhor parte disto tudo? A liberdade sim. O respirar de novo, também. Ser genuína, sem ter de me esconder, sem duvida. Mas a surpresa do outro que achava que nos controlava para sempre. Porque enquanto nós no fundo o conhecemos, ele não sabe mais quem somos. Porque nunca perdeu tempo a nos conhecer e aceitar, mas sim a nos mudar para o que ele queria. E agora o jogo vira. E por muito terrível que sejam e continuem a massacrar. Já não têm o mesmo efeito sobre nós. E essa é a minha vitoria. 

Apesar das dificuldades económicas. De 2023 ter sido o ano que tive de recomeçar a minha vida com quase 40 anos. Apesar do que os meus filhos estão a passar. O ano 2023 e o de 2024 sera a continuação, tem sabor a vitoria. Ele não ganhou. Nem o meu eu alterado e perdido. O meu eu que andava perdido, voltou. E com uma garra e sede... que nunca sentiu na vida! A minha menina sonhadora, optimista, com um olhar positivo na vida, dona de si, aventureira, divertida, extrovertida, pronta para a festa e para fazer todos felizes à sua volta, amiga de quem é seu/sua amigo/a, protectora, boa mãe, amiga, confidente, mulher, sem medos nem tabus, fiel aos que ama e acima de tudo a si mesma e no que acredita. Essa menina, esse EU -->  GANHOU!!

Por isso, não... A violência domestica física e psicológica, não acontece só aos outros. Não existe só em casa de pessoas pobres, com pouca formação escolar. Acontece mesmo a quem sempre se perguntava: "como é que uma mulher pode aguentar viver tantos anos com uma pessoa nestas condições? E ainda mais dizendo que é pelos filhos... Como se fosse possível?". Acontece com ricos, pobres, brancos, pretos, amarelos, homens e mulheres, ou entre mulheres e homens, ou entre relações do mesmo sexo. Sejam eles iletrados ou com doutoramentos. 

A minha avó sempre me disse: O peixe também morre pela boca... 

Cuidado com o que se diz e o que se acha e acredita. Porque a realidade de cada um, só Ele é que sabe.

Portanto quando o casal parece perfeito, muitas vezes é, mas outras, as mazelas estão no cérebro, estão tapadas com maquilhagem, com fotografias nas redes sociais tiradas segundos antes ou depois de atitudes de opressão, controle, manipulação, ou de violência seja ela psíquica ou física. 

E no meu caso, foi preciso ter de afundar no poço e bater mesmo de cabeça para perceber que a minha única hipótese era subir de uma vez, mas com glamour e reconquistar a minha vida e a dos meus filhos de volta!

Ja fui a Italia, a um concerto sozinha, até no trabalho já consigo estabelecer limites e mostrar quem sou. Quando tenho pessoas em casa ou vou a festas, sou eu sem medo e as pessoas tendem a gostar ainda mais de mim. Já não tenho medo se que vou dizer será motivo de discussão quando chegar a casa ou ao carro. Ah, já tenho carro e conduzo! Recebo visitas em minha casa de Portugal! O mundo abriu-se para mim. Não, melhor. EU abri-me de novo para o mundo! Apesar das dificuldades financeiras, de quem começou tudo do zero... vale tudo a pena.

Portanto o meu Blogue está oficialmente reaberto e agora sem medo do que seja escrito, ter de ser apagado ou reeditado. Ou com falsas verdades, para ir de agrado a quem me permitia escrever, rangendo os dentes nas entrelinhas. 

Agora? Como vai ser? Eu não sei, mas ninguém nunca sabe, mesmo quando se tem uma relação, ou na6o. A diferença, é que agora sou eu que tenho o controlo. Ninguém nunca sabe o que o dia de amanhã traz. Mas pelo menos, agora sou eu que decido o caminho que me leva até lá.



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