Medíocres e Patéticas Pessoas

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terça-feira, fevereiro 16, 2016

Teatros Mentais

Não devo ser a única a perder-me nos meus teatros, filmes ou como lhes queiram chamar. Mas aquilo que outrora me fez pensar que seria um sinal de criatividade, agora incomoda-me. Chega a tirar-me o sono ou a acordar-me mais rápido.

Antigamente eu focava-me em filmes que via, novelas ou séries, nas quais eu contracenava com os rostos mais conhecidos da televisão e cinema. Depois com a idade, fui deixando os filmes que via e passei a ilusões. Imaginava conversas com pessoas que não existiam, que me quisessem conhecer e não apenas me insultar por ser mais... bem.. gorda...

Depois à medida que ia emagrecendo, imaginava cenas "à filme", onde esbarrava com algum jovem mais bem parecido e os eus livros caíam no chão e ele, ao olhar para os meus olhos se apaixonava.
O que tipicamente acontecia na série que poucos se devem lembra: "Saved by the bell". Eu vibrava com essa série.

Anyway.... Depois fui deixando de ter filmes tão engraçados. A vida foi-me amargurando acho... Conforme me ia magoando, perdia-me em coisas reais que me tinham acontecido. O que me tinha sido dito ou feito. Nessas imagens, ao contrário da realidade, eu reagia à altura e no momento exacto.

Quer eu esteja a lavar a loiça, a vir no caminho para casa, preparada para dormir, ou até mesmo quando desperto de algum sonho menos bom e acabo por me despertar ainda mais ao continuar o sonho acordada... Acaba por ser mais cansativo do que fazer a volta à França...

O pior é que com a idade já me apercebi que não é criatividade (se bem que alguns dos meus teatros mentais mereciam ir para a tela do cinema e ganhar muitos óscares...). Na realidade, é a minha falta de auto-estima, a minha emotividade e impulsividade que não me permitem reagir como deveria nos vários momentos da vida. Essa falta de reação atormenta o lado da minha peronalidade escondida.

O lado forte, inteligente, superior e nada submisso, que se deixa ser atropelado pela minha ingenuidade, tristeza, amargura das injustiças de que sou vítima. O meu desespero de querer reagir acertadamente, vai me atropelando e depois fico com os restos. Invadem.me em sonhos mesmo que esteja acordada.
Chegam mesmo a comover-me de tal forma que por vezes acabo por chorar nos meios de transportes, ou com a esponja da louça na mão...

Não é que nunca reaja como deveria. Ainda bem, senão teria muito mais teatros mentais do que realidades vividas. Mas o que fica por fazer ou dizer, não me larga. Pode não surgir todos os dias, mas volta e meia lá vou eu nessa viagem.

Ainda assim, há aqueles momentos em que volto a ser a criança que fui. Em vez de me perder em frases não ditas, perco-me de novo nos diálogos de alguma série ou novela. Ou nos corredores de alguma escola em que esbarro acidentalmente com quem se apaixonará por mim. Só que desta vez o rapaz tem rosto. O rosto de quem dividirá a vida comigo, sem ter noção do teatro que contracena comigo na minha mente, fazendo sem guião um papel importante no meu filme real.

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